África e o Capitalismo Mercantil
África e o Capitalismo Mercantil
África entra na história ocidental como fornecedor de braços escravos para o desenvolvimento da monocultura açucareira nas Américas satisfazendo a sede do capitalismo mercantil europeu.
Na Europa, a substituição do feudalismo pelo sistema mercantilista nos meados do século XV trouxe como domínio a ideia de que a prosperidade de uma nação era determinada pelo acúmulo de metais preciosos. Estes seriam adquiridos através do comércio. Vários países europeus movidos com essa ideia foram praticando o mercantilismo priorizando o saldo superavitário na sua balança comercial.
Mas, com o passar do tempo, começava a ficar mais difícil para uma nação obter superavit nas relações comerciais com outras nações europeias. A Europa precisou buscar novas alternativas de mercado. A colonização das Américas foi uma das alternativas encontradas. A montagem do sistema colonial ocorreu a partir do seculo XVI e foi alimentado pela produção e comercialização de açúcar e extração de metais preciosos. As economias das colónias estruturaram-se de maneira a atender às necessidades das metrópoles. As colónias tinham por objetivo fornecer produtos tropicais para serem vendidos na europa. A organização da produção foi estruturada com base no tripé: Grandes propriedades de terras, monocultura e trabalho escravo. Após o descobrimento, os europeus apoderaram-se das grandes extensões de terras para poderem produzir. A ideia era cultivar, em grande escala, um produto que tivesse um grande valor comercial e que trouxesse retornos para a metrópole. O plantio de cana-de-açúcar serviu, antes de qualquer coisa, como resposta encontrada pela metrópole visto que o açúcar era uma especiaria bastante procurada na Europa, o “ouro branco”.
A utilização da mão de obra livre nessa empreitada era inviável já que a agricultura, baseada em grandes extensões de terra, exigiria a contratação de muita mão de obra que, por sua vez, prejudicaria o lucro. Embora as terras concedidas pela lei das Sesmarias estivessem disponíveis, havia ainda grandes dificuldades em efetivar-se a sua ocupação, já que para manter trabalhadores assalariados nas grandes propriedades, seria extremamente difícil, pois, essa mão de obra livre poderia tentar a vida de outra forma, criando problemas para o fluxo de mão de obra para a empresa mercantil (FAUSTO, 1996).
A adoção de mão de obra escrava em detrimento de mão de obra livre ou nativa deveu-se, principalmente, à falta de excedente populacional na metrópole e ausência de uma oferta adequada de mão de obra indígena na colónia. O sistema colonial nas Américas possuía uma estrutura económica mercantilista que concentrava um conjunto de relações entre metrópoles e colónias. O fim último deste sistema consistia em proporcionar às metrópoles um fluxo económico favorável que resultasse das atividades desenvolvidas na colónia. Em outras palavras, a economia colonial surgia como complemento da economia metropolitana europeia, de forma que permitisse à metrópole enriquecer cada vez mais para fazer frente às demais nações europeias.
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